Mês da Saúde Digestiva - Maio/2021
APENDICITE e DIVERTICULITE
O apêndice é uma extensão na porção inicial do intestino grosso/cólon, denominado ceco e está localizado na região inferior direita do abdômen.
Quando ele inflama, ocorre a apendicite aguda, uma condição que necessita de tratamento cirúrgico de urgência !
A inflamação do apêndice está relacionada ao seu entupimento, geralmente devido a uma porção de fezes endurecidas, chamada de fecalito.
Ainda, sementes, acúmulo de gordura, infecções virais/bacterianas ou até tumores podem ser causadores da inflamação do apêndice.
Visto isso, diagnóstico e cirurgia precoces são fundamentais para diminuir a mortalidade, o tempo de internamento e promover uma recuperação mais rápida.
Os sintomas mais comuns são:
1. Dor abdominal na "boca do estômago" ou região ao redor do umbigo (periumbilical) que após algumas horas migra para o quadrante inferior direito
2. Perda do apetite
3. Náuseas e eventualmente vômitos
4. Febre baixa
Por isso, se você apresenta estes sinais e sintomas, procure imediatamente o pronto socorro para uma avaliação médica.
A apendicite, se não tratada precocemente, pode evoluir com perfuração do apêndice, contaminação da cavidade abdominal e abscesso. Momento este em que os sinais e sintomas do paciente pioram muito com grande chance de infecção abdominal generalizada e evolução para óbito.
De forma semelhante existe a diverticulite aguda, com sinais e sintomas normalmente iguais e diferença apenas na localização da dor, que está do lado esquerdo.
Em torno de metade da população aos 50 anos apresenta divertículos no intestino e a grande maioria não têm sintomas, condição denominada diverticulose. Podemos comparar esses divertículos a pequenos “sacos” na parede intestinal.
Quando existe a presença de dor abdominal e alterações no hábito intestinal, diagnosticamos a doença diverticular.
A inflamação desses “saquinhos” é denominada de diverticulite aguda e também ocorre normalmente devido à obstrução deles.
De forma rotineira os pacientes são internados para o tratamento em jejum completo, hidratação endovenosa, analgésicos e antibióticos.
O grande perigo destes pacientes é o extravasamento de fezes para a cavidade abdominal e consequente contaminação, condição em que a cirurgia de urgência costuma ser indicada e com alta possibilidade de colostomia temporária.
Por isso, se você apresentar uma dor abdominal de forte intensidade procure imediatamente o Pronto Socorro. Caso você tenha crises eventuais de dor abdominal de leve intensidade e/ou alteração no hábito evacuatório, não deixe de procurar o seu médico de confiança para uma avaliação.
Uma vez diagnosticado o quadro de Diverticulose ou Doença Diverticular, o acompanhamento multidisciplinar é muito importante, principalmente com correção de hábitos alimentares e eventualmente o uso de analgésicos.
Matéria elaborada pelo Dr. Fábio Goossen
Doenças das vias biliares
Você sabia que quase 10 em cada 100 pessoas sofrem com pedras na vesícula e que isso implica em cerca de 60.000 internações por ano no Sistema Único de Saúde (SUS)?
O perfil de pessoas acometido mais comumente são mulheres, acima dos 40 anos com historia familiar positiva para doença da vesícula biliar e que estão acima do peso.
O que são vias biliares?
São os canais que levam a bile do fígado ao intestino
O que é bile e qual sua função?
A bile é uma secreção produzida pelo fígado e armazenada na vesícula biliar. É composta por diversas substâncias, sendo as principais: água, sais biliares, colesterol e bilirrubina. Possui importantes funções, sendo essencial para a digestão e absorção de gorduras e algumas vitaminas.
Qual a função da vesícula biliar ?
A vesícula biliar é um órgão em forma de saco, parecida com uma pera, localizada abaixo do lobo direito do fígado. Sua função é armazenar a bile e libera-la no intestino após a alimentação para ajudar na digestão.
O que é cole litíase ou pedra na vesícula?
É a formação de pequenas pedras no interior da vesícula devido ao acúmulo de sais de bilirrubina ou de colesterol no local, que pode desde não causar sintomas até mesmo causar doenças que na maioria das vezes são tratáveis.
Por conta das pedras na vesícula o paciente pode começar a apresentar sintomas, como: dores abaixo das costelas no lado direito ou na região epigástrica (boca do estômago), enjoos normalmente associados a alimentação e que surgem em crises de dor. Esse sintoma dura, geralmente, de 30 minutos a 2 horas. No entanto, quando é mais prolongada, pode indicar que está ocorrendo uma complicação. Assim, o paciente precisa procurar seu médico com urgência.
Quando a dor não tem melhora mesmo com analgesia podemos estar diante de uma inflamação da vesícula biliar causada pela obstrução do canal que leva a bile da vesícula para o ducto biliar principal chamado colédoco. Essa inflamação é chamada de Colecistite aguda e na maioria dos casos necessita internação hospitalar.
Quando uma pedra da vesícula escapa e cai no canal principal podemos ter outras doenças como a inflamação do pâncreas chamada de pancreatite aguda biliar ou ate mesmo a coledocolitiase. Nesses dois casos é comum o paciente apresentar icterícia associada (pele e olhos de coloração amarelada - amarelão - triza)
Ainda falando sobre doenças das vias biliares temos alguns tipos de tumores (câncer) que podem causar sintomas semelhantes porem são menos comuns. A grande maioria dos casos de doenças das vias biliares corresponde a doenças benignas.
Em todos os casos o paciente devera passar por uma avaliação clinico-laboratorial para identificar adequadamente cada doença e realizar o melhor tratamento para cada caso.
A ultrassonografia ou ecografia do abdômen é a melhor forma de diagnosticar o cálculo na vesícula.
A única maneira de tratar a doença é com a retirada da vesícula biliar, num método chamado de colecistectomia. Desde que o paciente não apresente complicações, o tratamento da pedra na vesícula é simples.
A retirada de vesícula pode ser realizada via laparoscopia (por 4 furos) ou por vai convencional (corte).
A cirurgia não é indicada para todos os pacientes com cálculo na vesícula, sobretudo os que não apresentaram sintomas. Nesse sentido, o médico poderá ajudar a decidir se a operação é a melhor opção para o seu caso.
O tratamento cirúrgico apresenta várias vantagens como, por exemplo, rápida recuperação do paciente, resolução completa e definitiva da doença.
Matéria elaborada pelo Dr. Gilberto Nicocelli.
Neoplasias do Aparelho Digestivo
Neoplasia é um termo que significa crescimento novo. Na medicina, as neoplasias englobam um grande número de doenças que se originam da proliferação exagerada de tecidos novos.
Existem dois grandes grupos de neoplasia: As benignas e as malignas, estas últimas conhecidas como câncer.
A maioria das neoplasias se manifestam por tumores, mas existem também neoplasias não tumorais, como por exemplo, a leucemia.
A origem das neoplasias malignas, ou cânceres, acontece quando uma célula adulta necessita multiplicar-se em uma célula nova, e nessa multiplicação há perda de controle, ou seja, por algum fator muitas vezes desconhecido, a multiplicação descontrolada, por assim dizer, sem freio.
Existem diversos fatores ou causas que podem levar à um descontrole de multiplicação celular originando um câncer. Fatores hereditários, que são de difícil controle, mas também fatores externos, que podem ser evitados. Sabe-se que a ingestão frequente de bebidas excessivamente quentes, pelo trauma térmico que causam, podem favorecer o aparecimento de cânceres na boca, orofaringe, garganta e esôfago. O tabagismo, pelos componentes de fumaça do cigarro também facilita o aparecimento de câncer de boca, além do pulmão, do estômago e até da bexiga.
A ingestão do excesso de sal também favorece tumores de estômago.
No aparelho digestivo que engloba muitos órgãos, desde boca, garganta, esôfago, estômago, intestino (delgado e grosso, também denominado cólon), fígado, vesícula biliar e pâncreas, acontecem na maioria das neoplasias do corpo humano.
Os cânceres de estômago e intestino grosso são de grande incidência, mas felizmente com grande porcentagem de cura quando descobertos e tratados precocemente.
Tumor do intestino delgado são raros. O fígado é frequentemente acometido por metástases, que são tumores secundários que se espalham pelo corpo através da corrente sanguínea, ou linfática, ou por contiguidade, principalmente de tumores primários do intestino grosso, já que todo o sangue que irriga o intestino, absorvem os alimentos, passa depois pelo fígado.
O pâncreas, que entra na função digestiva pela sua produção de suco pancreático, tem incidência relativamente menor de câncer, infelizmente são altamente malignas, de difícil cura.
Graças do avanço tecnológico da medicina, principalmente pelos exames de imagem, endoscopias e também exames laboratoriais, atualmente as chances de muitas neoplasias melhoraram, na existência ou sintomas digestivos persistentes, devemos ter a preocupação de descobrir as origens dos mesmos, para evitar o avanço de uma possível neoplasia, antes que a cura seja impossível.
Matéria elaborada pelo Dr. Rigobert Krueger.
Para finalizar o mês da Saúde Digestiva, preparamos um bate-papo com os médicos cirurgiões da área para responderem as principais dúvidas de nossos pacientes.
Confira o vídeo abaixo: